No dia 23 de dezembro de 2010, a
Casa da Agricultura de São Miguel Arcanjo em parceria com a Secretaria
Municipal de Agricultura e Meio Ambiente realizaram reunião com os membros da
diretoria de três Associações de Produtores Rurais de São Miguel Arcanjo.
O objetivo da reunião foi
sensibilizar os agricultores familiares quanto à oportunidade de
Comercialização Coletiva de Produtos da Agricultura Familiar pelas Associações
ou Cooperativas de Produtores Rurais, comentou o Engº Agrº Átila Queiroz de
Moura, responsável pela Casa da Agricultura de São Miguel Arcanjo, que
completou: “Infelizmente os agricultores tendem ao individualismo quando se
trata de comercializar seus produtos, sendo bastante relutantes em organizar
suas Associações ou Cooperativas para atuar na comercialização da produção de
forma coletiva”.
Cada vez mais, os agricultores
vêem seus esforços para produzir alimentos não serem recompensados
financeiramente, causando a descapitalização e o empobrecimento da agricultura
familiar. Por que esta tendência perversa está instalada em nossa agricultura
familiar?
Os fatores que contribuem para
este cenário têm muitos vértices, a começar pelos riscos da própria atividade
agrícola em si, tais como perdas por fatores climáticos adversos, chuva de
granizo, excesso de chuva ou períodos de seca, ocorrência de pragas e doenças,
etc. Passando pelo freqüente aumento dos custos de produção, tais como adubos, herbicidas,
fungidas, inseticidas que sempre tem seus preços atualizados pelas indústrias e
repassados aos agricultores. E finalmente a questão da comercialização muitas
vezes precária realizada pelo produtor de forma individual, na qual os comerciantes
intermediários ofertam o menor preço possível a ser pago ao agricultor que
muitas vezes não dispõe de informações de mercado suficientes para negociar
melhor a venda de seus produtos, sendo sempre um tomador de preços, jamais
sendo um formador de preços, pois não tem escala de produção, não pode oferecer
sozinho uma logística de entrega à compradores que remuneram melhor, e trabalha
com produtos perecíveis cuja venda não pode esperar mais tempo, dessa forma o
produtor rural individualmente será sempre o elo mais fraco da cadeia
produtiva.
Para atingir o objetivo da
Comercialização Coletiva objetivando resultados economicamente mais
satisfatórios aos agricultores no médio e longo prazo, será necessário às
Associações e Cooperativas em primeiro lugar sensibilizar os agricultores para
que a decisão de seguir esse caminho seja tomada em coletivo, antes de fazer é
preciso sonhar, desejar, planejar, ter realmente a vontade de se lançar na
comercialização e depois disso realmente buscar o aprendizado e a experiência
cultural necessária para tratar as questões econômicas em coletivo, buscar a capacitação
e a profissionalização na área comercial para vender bem a sua produção. E o
que é a profissionalização na área comercial?
As Associações devem ter conhecimento
da região, saber exatamente o que, como, quando e quanto cada um de seus
associados tem de produção. Deve também ter uma Comissão de Comercialização
formada por membros da entidade para organizar e dividir as tarefas pertinentes
à comercialização, tais como negociação com compradores, contato com os
produtores envolvidos, formação de carga, classificação e embalagens de
produtos, contratação de frete, entre outras. Deve definir com muita
transparência como serão as regras da comercialização conjunta para
agricultores associados e não associados, negociar semanalmente os preços com
os agricultores, definir os critérios para a remuneração da própria
Associação/Cooperativa pelo pagamento dos serviços comerciais, propectar novos
mercados e clientes, ter conhecimento dos preços e seu comportamento, conhecer
os compradores, etc.
Certamente as Associações ou
Cooperativas que decidirem atuar na Comercialização Coletiva terão muitos desafios,
obstáculos e muito trabalho pela frente. Porém muitos benefícios desta
empreitada poderão refletir significativamente na consolidação do
Associativismo e Cooperativismo como instrumento das melhorias sociais,
ambientais, políticas e econômicas da comunidade rural organizada, equilibrando
as porcentagens de remuneração de cada elo da cadeia de produto, modificando a
realidade muitas vezes perversa onde, plagiando o cantor Zezé di Camargo: “Tem
alguém levando lucro, tem alguém colhendo fruto, sem saber o que é plantar!
Está faltando consciência, está sobrando paciência, está faltando
..................”.
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